Ah Valente!

Acabei de receber no e-mail um artigo de Vasco Pulido Valente, publicado, hoje, no jornal "Público". Este artigo surge na sequência da vinda da dita personalidade à nossa santa terrinha, Figueira da Foz, onde parece que lançou um livro no Casino Figueira e comeu sardinhas no restaurante da D. Celeste, que é "natural" do maior país do mundo (esta chalaça fica só para quem conhece bem a Figueira e as suas figuras).

Este post serve para revelar este excelente artigo. E perguntam vocês: "onde está o humor neste post?" - o humor passa por um desafio, que é tentar ler o artigo sem imaginar as balbúcias de Pulido Valente! Vá, eu sei que é difícil, mas façam um esforço por não imaginarem "aaaaaaaah", "hmmmmm", "uhhhhh" no meio do texto.

"Um passeio à Figueira"

Vasco Pulido Valente in Público 05/06/2009

Fui anteontem à Figueira da Foz por uma auto-estrada deserta. Literalmente deserta: um camião ou outro, umas dezenas de automóveis, mais nada. A auto-estrada, claro, vai mudando de nome. Começa por se chamar A8, depois muda para A14 e acaba, salvo o erro, em A17. De qualquer maneira, começa quase à minha porta, em Lisboa, e só pára em Aveiro. É quase paralela à velha A1 do prof. Cavaco e parece que nasceu da exuberante cabeça do eng. Guterres (quem senão ele?) e que este Governo construiu o pouco que faltava. A ideia de uma auto-estrada, por assim dizer, suplementar, ou concorrente - uma ideia de gente rica ou de gente pródiga -, não deve ser comum. Na Figueira, essa extravagância vem sempre à conversa (à frente de estranhos) entre o desdém pelos poderes que misteriosamente a conceberam e o habitual desconsolo com disparates de Lisboa e da Pátria.

A Figueira, apesar de um debate público entre Paulo Rangel e Vital Moreira, não está muito interessada no ruído a que por aí se chama "eleições" para a "Europa". Segundo percebi no restaurante da D. Celeste, uma PSD e "santanista" ferrenha, as pessoas só se importam com as locais, que terão em princípio cinco listas de grupos que historicamente não se estimam. Quanto às gerais de Outubro, a D. Celeste abana a cabeça com alguma tristeza e uma enorme dúvida (que se compreende) sobre a dr.ª Ferreira Leite. Comendo as primeiras sardinhas do ano, achei a Figueira típica do país: melancólica, desiludida e sem esperança. Que lhe pode trazer um novo regime: uma terceira auto-estrada?

Entretanto, impenetrável à realidade do mundo, a campanha continua. Augusto Santos Silva, Ana Gomes, Jorge Lacão e, evidentemente, Vital Moreira não desistiram de explorar a noção absurda de que o PSD é, por causa de meia dúzia de "figuras gradas", responsável pela fraude do BPN. Ninguém protesta e Sócrates não os manda calar, com certeza em nome do aprimoramento cívico dos portugueses. Do lado do PSD, Manuela Ferreira Leite apareceu finalmente na "rua" (espero que sem um nojo excessivo), enquanto Menezes descobriu agora que Rangel era uma "lufada de ar fresco" e Pedro Passos Coelho, na sua qualidade de "próximo Presidente", resolveu aliviar o espírito de um despropósito sem desculpa. O que apetece é de facto aproveitar a auto-estrada deserta (A8, A14 e A17) e ir comer as sardinhas da D. Celeste.


PorPedro Fernandes Martins à(s) 20:21

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